Conteúdo abrangente abordou desde gestão de propriedades até questões ambientais
BELO HORIZONTE (3/10/2024) - A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) promove diversas ações para incentivar a permanência dos jovens no campo e promover a sucessão rural. Um exemplo dessas iniciativas foi o curso de Empreendedorismo Rural para Jovens, realizado em Lagoa da Prata, no Centro-Oeste de Minas Gerais, nos meses de agosto e setembro. O curso, realizado pela primeira vez no município, teve como foco a produção rural familiar, com criação de negócios sustentáveis, aplicando ferramentas de gestão e empreendedorismo.
A proposta é oferecer esta capacitação pelo menos uma vez por ano. Segundo Ian Lacerda, técnico da Emater-MG responsável pela iniciativa, o curso orientou tanto os jovens já inseridos na atividade com suas famílias, como os que têm interesse em iniciar um empreendimento no campo. “A ideia desse curso foi trazer um passo a passo do que eles precisam para começar um negócio ou gerir o que já existe”, explicou o técnico.
A capacitação contou com 13 alunos. O perfil dos jovens que participaram do curso foi bastante variado, com idades entre 16 e 32 anos, e ocupações diversas. “Boa parte dos participantes foi de filhos de produtores rurais, envolvidos em atividades como a produção de leite, hortaliças, mandioca e mel. Mas outros, embora tenham origem rural, trabalham na cidade, mas manifestaram o interesse de, no futuro, investir na agropecuária familiar”, disse Ian Lacerda.
O produtor de leite Anderson Vinícius de Melo, de 25 anos, saiu satisfeito do curso. Para ele, as aulas serviram para apresentar novas perspectivas da atividade no campo. “O curso passou pra gente várias visões sobre o trabalho rural, que não necessariamente precisa ser do jeito que já foi passado de geração em geração. Mostra novas alternativas em uma época em que muitos jovens estão indo para a cidade em busca de oportunidades. Estamos percebendo que, ficando no campo, também podemos crescer financeiramente e aprender muitas coisas novas”, afirmou.
Conteúdo
O curso teve uma carga horária de 30 horas. Ele foi dividido em sete encontros semanais, com aulas teóricas e atividades práticas. Na primeira semana, os participantes receberam materiais didáticos e foram apresentados aos principais temas que seriam abordados. “Falamos sobre o que é a agricultura familiar, os critérios para o enquadramento, e os documentos que o produtor precisa ter para sair da informalidade”, detalhou Lacerda.
Outros temas abordados ao longo do curso incluíram a regularização fundiária, acesso à terra, contratos agrários e a importância da formalização para emissão de notas fiscais e os programas institucionais, como o Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) e o Programa Nacional de Alimentar Escolar (Pnae). Também foram discutidos os diferentes tipos de agricultura e pecuária, com introduções a atividades como horticultura, fruticultura e a produção de grãos.
Uma parte importante do curso foi dedicada às ferramentas de gestão rural e ao empreendedorismo no campo, temas fundamentais para capacitar os jovens a gerirem suas propriedades de maneira eficiente. Também houve uma aula voltada para questões ambientais, abordando aspectos da legislação ambiental, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a regularização da água nas propriedades.
As orientações sobre ferramentas de gestão foi a parte do curso que mais agradou ao aluno Matheus Gideões da Silva, de 30 anos, formado em administração de empresas e filho de produtores rurais. “Achei o curso enriquecedor, principalmente pelas ferramentas de gestão, focadas no empreendedorismo. Muitas vezes, quem trabalha no campo tem muita experiência, sabe colocar a mão na massa, mas enfrenta dificuldades no planejamento e na estruturação do negócio. O curso foi muito bom nesse sentido, abrindo a mente de muita gente. Teve também uma troca de informações e experiências entre pessoas de diferentes áreas de atuação”, declarou.
Além da gestão e do empreendedorismo, o curso também trouxe discussões sobre economia solidária, associativismo e cooperativismo. Foram apresentados os conceitos de associação e cooperativa, e como os jovens podem se organizar para criar grupos formais de produção, buscando melhorias coletivas e maior representatividade política.
Futuras ações
O curso de Empreendedorismo Rural faz parte de um programa maior, o Programa Novo Campo, também idealizado pela Emater-MG de Lagoa da Prata, com apoio da prefeitura. Lacerda explicou que o programa foi estruturado com base em quatro pilares: o acesso ao conhecimento, a assistência técnica individual nas propriedades, o estímulo ao associativismo e cooperativismo, e a adoção de novas tecnologias.
Além do curso de empreendedorismo, o programa prevê a realização de capacitações em áreas específicas, como olericultura, fruticultura, bovinocultura de leite e corte, entre outras. O Programa Novo Campo também promove visitas técnicas e excursões para que os jovens possam conhecer de perto experiências de sucesso em sua região.
“Já realizamos duas visitas técnicas este ano, uma a um produtor de hidroponia em Lagoa da Prata e outra a um apicultor com agroindústria certificada em Bom Despacho”, exemplificou Lacerda, destacando a importância de ver na prática o que funciona.
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Fotos: Divulgação Emater-MG
Publicado em: 03/10/2024
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