Projeto beneficia mais de 350 agricultores familiares do Campo das Vertentes


 

BELO HORIZONTE (27/2/2024) - Café brasileiro, tipo exportação! Ano a ano os grãos nacionais têm ganhado em qualidade e conquistado paladares mundo afora. Em Santo Antônio do Amparo, no Campo das Vertentes, a Sancoffee, uma cooperativa de cafeicultores, abriu as portas do mercado internacional para agricultores familiares da região. Por meio do projeto Além das Fronteiras, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), mais de 350 produtores já mudaram de vida, vendendo seus cafés para países como Estados Unidos, Coreia, Japão, além da Europa.

O projeto iniciou em 2012, quando a Sancoffee, que tem apenas 20 cooperados, disponibilizou a sua estrutura para exportar cafés de outros produtores da região. Para atender a demanda do mercado, cada vez mais exigente, a parceria com a Emater-MG foi fundamental. A empresa pública auxilia na identificação dos cafeicultores com os grãos mais especiais e na qualificação dessa produção, por meio do programa Certifica Minas Café. “A gente começou a enxergar uma demanda dos clientes por produtos com segurança alimentar, rastreabilidade e sustentabilidade. Então, a Emater encaixou como luva no processo. Colocamos na governança do programa que esses produtores que desejam exportar e fazer parte deste programa precisam se adequar dentro da estrutura do Certifica Minas, não com uma demanda da Sancoffee, mas do mercado”, explica a coordenadora do Além das Fronteiras, Ana Cláudia Silva.

O Certifica Minas Café é o maior programa público de certificação de propriedades cafeeiras do país, executado pela Emater-MG, em parceria com o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Ele estabelece cerca de 100 condicionantes para a certificação, que primam pela sustentabilidade econômica, social e ambiental dentro das propriedades. A técnica da Emater-MG em Santo Antônio do Amparo, Lívia Martinez, ressalta que o objetivo é a melhoria de todo processo produtivo do café, sempre pensando em organização, higiene, segurança alimentar e rastreabilidade.

Joel Vilela é um dos agricultores familiares da região que exporta café pelo programa Além das Fronteiras. Antes ele trabalhava como pedreiro, mas foi por meio da cafeicultura que viu a vida se transformar. “Eu estou exportando desde 2014 através da Sancoffee. Antes eu mexia com obra, mas hoje eu cuido da minha lavoura porque ela me sustenta. Além disso, eu consegui formar nossas filhas, tenho uma advogada e uma psicóloga em casa, tudo através do café”, conta orgulhoso.

Joel é certificado pelo Certifica Minas Café e é categórico em dizer que tem na Emater-MG uma parceira de trabalho. “A gente procura a Emater nas dificuldades, pra ter uma análise do solo, de folha, o certificado, que mantém nossas coisas organizadas e é o caminho para exportação”, conclui.

Investir na cafeicultura, mais especificamente na produção de grãos especiais, foi o caminho para melhoria da qualidade de vida, garante a esposa do Joel, Margarida Rosa Vilela. “Antes a gente colhia café dos fazendeiros aqui da região. Eu já trabalhei de doméstica, o Joel de pedreiro e desde que a gente começou a nossa plantação de café, a gente pode trabalhar pra gente mesmo e isso impactou bem nas nossas vidas”, conta.

Histórias genuínas como a do casal Joel e Margarida também são valorizadas pelos compradores internacionais, avalia o CEO da Sancoffee, Fabrício Andrade. “Quando a gente tem qualidade e consistência, outros atributos extrínsecos são demandados no mercado de cafés com valor agregado: a história, o propósito do programa e dos produtores, a sustentabilidade com relação a aspectos sociais, colaboradores, comunidade, os aspectos ambientais, segurança alimentar, além da rastreabilidade, que é um diferencial enorme. E tem ainda outro atributo, que é muito importante, que está alinhado com o conceito de buy locally, de comprar localmente”, enumera.

Tipo exportação

Para ser classificado como café tipo exportação o grão deve atingir nota superior a 84 pontos, numa escala internacionalmente aceita. Para ser exportado pela Sancoffee, as amostras de cafés passam por seleção, classificação e prova, quando se apura a pontuação e as características de cada grão.

Os lotes das amostras de cafés selecionados são descarregados no armazém da Sancoffee, que é equipado com alta tecnologia. Lá eles passam novamente pelo processo de separação dos grãos, para garantir que apenas os melhores serão ensacados e enviados para compradores de todo mundo. Cada lote é devidamente identificado e armazenado em big bags, que ficam guardadas em ambiente climatizado, até o envio para os compradores.

Além de todo esse controle dentro do armazém, os grãos exportados pela Sancoffee também podem ser rastreados, através de um sistema que mapeia a plantação de cada produtor associado. O aplicativo possui mapas que mostram a exata localização de cada talhão de café, de onde provém cada lote, além de todas as informações sobre ele e o produtor. “Isso ajuda no controle, porque temos gestão de custo, tudo na palma da mão, e, sobretudo, gera confiança, que é o que a gente mais precisa”, reforça Francisco Carlos Pedro, consultor da Sancoffee.

 

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Fotos: Divulgação Emater-MG

 

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Publicado em: 27/02/2024



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